segunda-feira, 15 de abril de 2013

Uma dose de álcool.

Uma dose de álcool

Uma dose de álcool, amarga, por favor!
Daquelas sentimentais, que adocicam as melancolias do dia a dia,
Daquelas que servem de combustível contemporâneo, desde as eras medievais.
Saio de casa, atravesso ruas movimentadas em uma cidade de interior,
Às vezes até dou aquele “boa tarde” forçado, e pego um bronzeado involuntário. Sou obrigada a ouvir choro de crianças,
Que choram porque ainda não conhecem uma dose de álcool
Daquelas que me acompanhavam já durante a infância.
Passando pela rua, encontro “aquela” mulher,
Que é conhecida pelo costume de roubar,
Roubar perfumes, enquanto consola os parentes do defunto durante os velórios...
Sua voz ébria, com um tom quase que sóbrio, suplica:
- Galega, Galega! Tem um dinheirinho aí pra mim? “Tô” precisando, pode ser qualquer coisinha, mulher!
Olho para ela e respondo: - Tenho apenas este troco que recebi na padaria, tome!
Com imensa felicidade, ela responde: - Obrigada, Galega, Deus te abençoe sempre.
Aquele dinheiro serviria para uma dose de álcool?
Se a resposta fosse positiva, que se dane!
A alguns poucos passos, encontro alguém tomando sua dose diária de álcool, no balcão de um bar na esquina.
A mesma pessoa que bebe me dirige a palavra com um tom de reprovação:
- Você deu dinheiro àquela mulher?
Ela vai tomar doses de cachaça com o dinheiro que você deu para ela!
Enquanto isso, a dona do bar me olhava como se quisesse me repreender...
Que mal eu fiz?
Será que aquela mulher não tem o mesmo direito que aquele senhor tem, de tomar sua dose de álcool?
Quanto à dona do bar, deveria me agradecer, e agradecer a todos os alcoólatras do bairro (anônimos ou não).

Bárbara Cristina.

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