quarta-feira, 24 de abril de 2013

No quarto.


Monstros e assombrações, em uma eterna fobia que se tem da vida. Lá vem ele, rastejando pela parede, seus olhos cospem fogo e sua língua é de cobra. Faz qualquer ser vivente surtar com sua respiração barulhenta. Seria imaginação? Como se não bastasse, tarântulas e viúvas-negras tomam o espaço, e lhe servem se alimento. O que? Isso mesmo, o veneno fortalece o organismo do ser abominável e enquanto isso, o cheiro de enxofre invade o ar que circula no quarto, trazendo de volta os maus que já haviam sido sepultados. Algum tipo de magia negra? Pode-se ouvir os gritos de socorro e os pedidos de orações longe das risadas abafadas pelo calor. Poderia isso ser um pesadelo real, provocado pelo uso de entorpecentes?
Quando algo insiste em dizer que não pode ficar normal, comum, ou banal dentro do quarto, lhe estremece o corpo inteiro, em busca da luz, ou de um sinal de liberdade de expressão. Abstinência? Talvez não se trate de abstinência, imaginação, magia negra ou entorpecentes. Pode ser que se trate apenas de uma criança, presa em um corpo adulto, que apenas sente medo do escuro do próprio quarto.

Bárbara Cristina.

 

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