quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sem Título.

Nuvens de algodão,
Que sejam doces, ou não.
Pedir que deixem a lua em paz,
Talvez seja um egoísmo sagaz.
Estrelas não vivem sem um céu.
Assim como o doce deve aceitar o fel,
Lá vai o bom moço andando com seu cão fiel,
Matar ou morrer...
Talvez seja necessário.
E morrer de tanta vida...
O amanhã não existe,
Para aquele que sabe viver,
E a vida é longa demasiadamente para quem deseja morrer.
Palavras difíceis não explicam nada.
Quando alguém deseja entender.
E tudo se torna imortal.
Para alguém que suplica o viver.

Bárbara Cristina.





Linha da vida.

Aguardando as flores,
Guardando pensamentos
Sem descartar acontecimentos...
De fato o túnel existe,
Há quem enxergue!
Muitos enlouquecem
E outros que morram céticos.
Tudo inexiste,
No pouco que resiste,
Do resto de devaneios,
Vazios como o vento,
Preenchendo o pensamento.

Bárbara Cristina.


quarta-feira, 24 de abril de 2013

No quarto.


Monstros e assombrações, em uma eterna fobia que se tem da vida. Lá vem ele, rastejando pela parede, seus olhos cospem fogo e sua língua é de cobra. Faz qualquer ser vivente surtar com sua respiração barulhenta. Seria imaginação? Como se não bastasse, tarântulas e viúvas-negras tomam o espaço, e lhe servem se alimento. O que? Isso mesmo, o veneno fortalece o organismo do ser abominável e enquanto isso, o cheiro de enxofre invade o ar que circula no quarto, trazendo de volta os maus que já haviam sido sepultados. Algum tipo de magia negra? Pode-se ouvir os gritos de socorro e os pedidos de orações longe das risadas abafadas pelo calor. Poderia isso ser um pesadelo real, provocado pelo uso de entorpecentes?
Quando algo insiste em dizer que não pode ficar normal, comum, ou banal dentro do quarto, lhe estremece o corpo inteiro, em busca da luz, ou de um sinal de liberdade de expressão. Abstinência? Talvez não se trate de abstinência, imaginação, magia negra ou entorpecentes. Pode ser que se trate apenas de uma criança, presa em um corpo adulto, que apenas sente medo do escuro do próprio quarto.

Bárbara Cristina.

 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Fulaninho.

Não importa o que Fulaninho pensava,
Em seus devaneios "sem pé nem cabeça",
No quarto, a fumaça de seu cigarro
Fixava nas paredes de seu corpo.

Fulaninho pensou em mudar o mundo,
Pensou em mudar de vida...
Achava que vivia em um outro tempo,
Achou que fosse fácil a liberdade.

Ele bem que se esforçou,
Fulaninho tinha opinião, informação...
Tinha vontade de mudar, sede de revolução!
A única coisa que fulaninho não tinha,
Era um nome.

Bárbara Cristina.


Seco.

Aquela última folha amarela
Que cai da árvore do sertão,
Sente doer seu corpo seco,
E se quebrar ao bater no chão.

E o último espinho seco,
Lembra que um dia foi ameaça,
Hoje se vê nesse ambiente inóspito,
Que até para a morte, já perdeu a graça.

O espelho da caatinga é o sol
Sem lembrança da chuva que não cai,
Nem chuva, nem cabra, nem boi.
O bioma simplesmente se esvai...

Bárbara Cristina.

 

Ideologicamente.

Ideologias desnecessárias,
Em uma vida tão curta.
Milhares de afazeres e bens acumulados...
Enquanto vermes esperam o alimento de cada dia;
Ideologias baratas,
Que sempre acabam em egoísmo,
No interesse próprio do animal racional.
Ideologias "fuleiras",
Que  contradizem com a culturam humana,
E imitam o passado com ideias inéditas.
Ideologias de merda,
Que fazem da mentira,
O ideal de muitos tolos.

Bárbara Cristina.


Amada Loucura (primeira poesia que fiz na minha vida).

Amada loucura, bela és tu,
Que não se pode ser questionada,
Em tua solidão bem intencionada.

Amada loucura, bela és tu,
Que vive tão conformada
Em não se sentir incomodada.

Só podes então se gabar
Pois nada tem a esperar
Nem deseja que se espere
Viver numa mente sem viajar.

Bárbara Cristina.






quarta-feira, 17 de abril de 2013

Lembranças de minha infância.

Lembro-me de quando era criança,
De brincar sem saber da existência do mal.
Em tempos em que drogas eram o cheiro de álcool e gasolina,
E a violência parecia não sair da tv.

Lembro-me dos contos de terror,
E dos apelidos que não eram ainda criminalizados.
Até mesmo de beber escondida...
Como foi legal experimentar ser uma criança alcoolizada!

Lembro-me das brigas, broncas e surras que não levei.
De pensar que era criança e aproveitar o tempo de sobra,
Hoje me lembro que fui criança,
E tenho mesmo motivos para não me arrepender.

Bárbara Cristina.



 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Poesia Ócio.

Amanhã é outro dia,
Um dia igual...
Um dia que não nos reserva,
Nada de novo, nem de anormal.
Mais um dia pacato...
Se for para mudar
Que seja para melhor,
Que seja para pior!
Apenas que não seja o mesmo,
Dia sem mudanças,
Sem loucuras e sem esperanças.

Bárbara Cristina.

 

Esse Túnel...

Existe uma luz,
Uma luz no fim do túnel,
Mas onde será que fica este fica?
Onde fica esse túnel?
Nem mesmo o túnel quer ser achado
Muito menos o sol, quer ser roubado
Para viver em um fim,
Em um fim sombrio,
De um frio e velho túnel,
Sem fim,
Sem rumo,
Sem alma,
Nem prumo.
Mas eis que existe uma solução
Para o escuro e a solidão,
Do velho e discriminado túnel
Que cansou-se de esperar a luz
E resolveu por sí só,
Não depender de sol algum.
Escolheu assim a noite,
Sua perfeita companheira,
Ambas rejeitadas pela estrela
Que se diz ser luz maior,
Com seus raios egoístas,
Ainda preferindo viver só.

Bárbara Cristina.

     

A vida e a morte.

 Este poema foi feito por minha amiga Ângela Galvão. Ângela teve um sonho, e nesse sonho, sonhou que deveria me escrever um poema, e aqui está.
 Infelizmente, não sei por onde Ângela se encontra agora, quem sabe chegue a ler seu poema em meu blog...

Lí em algum lugar que a vida é cíclica, por isso,
Podemos inventá-la e reinventá-la.
Esta mesma vida possui um ser leve, suave, líquido;
Que piscando os olhos;
Escapa por entre as mãos e esvai-se
É a morte da vida e do ser.
Entenda a vida, não insista, não teime, não persista!!!
Ela passou, foi embora.
Pare! Observe! A vida com a morte foi reinventada,
Transformada. Não é mais vida, não é mais ser.
Será qualquer outra coisa. Talvez relação comercial,
Não mais importa saber.
E agora? Não se inventa, não se reinventa. Acabou, acabou!

 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Poema sobre uma tentativa.

Oh! Tentaram alienar meus neurônios,
Derrubar meus ideais,
De poeta miserável.

Tentaram me desfazer,
E construir um mundo
Em cima do que me convém.

Que tentem sempre conseguir,
Mas sempre sabendo
Que meus neurônios preferem a morte,
Antes a morte, que a demência.

Bárbara Cristina
 

Índole.

Ele sonhava com a vida, apesar de já ter experimentado diversas vezes, nunca se conformava com o pouco e nunca se saciava com abundância. Passou a sugar, sugar espíritos em fraqueza, com sua aparência vampiresca, que não podia ser vista pelos seres em seus estados carnais, terminais; tomados pela obscenidade humana, cega e cruel, devastados pelo medo, alimentando sua fome e construíndo sua imagem,sugadora de fiéis.
       Suas vítimas não sonhavam com a morte,não apreciavam a vida, tampouco viam-se ameaçadas. A bondade morrera sufocada, em suas veias podres e alcoolizadas; não se precisa de asas quando não se quer voar, nem de compaixão a um ser moribundo. Em sua escuridão havia apenas ódio, do passado e de algo mais, que seu egoísmo praticava lentamente e ferozmente, mal sabia que aplicava em seu corpo, grandes doses de auto-destruição, doses de asco, vomitadas por suas vítimas, que se deliciavam na angústia de suas pacatas vidas regadas a entorpecentes e esquecidas pelo poder social.
        Talvez fosse pena, pena de sí mesmo, ou mesmo de suas vítimas, submissas à não doce realidade que predominava em seus lares, cercados de energia oculta. Mas isso se tornara banal , ninguém mais o via como ameaça e sim como solução, uma barganha entre o útil e o agradável, a verdade e a mentira; o bem talvez nem tivesse mais lugar, nessa sociedade ancorada e submersa na solidão desgastada pelos anos de ignorância.

Bárbara Cristina. 


Uma dose de álcool.

Uma dose de álcool

Uma dose de álcool, amarga, por favor!
Daquelas sentimentais, que adocicam as melancolias do dia a dia,
Daquelas que servem de combustível contemporâneo, desde as eras medievais.
Saio de casa, atravesso ruas movimentadas em uma cidade de interior,
Às vezes até dou aquele “boa tarde” forçado, e pego um bronzeado involuntário. Sou obrigada a ouvir choro de crianças,
Que choram porque ainda não conhecem uma dose de álcool
Daquelas que me acompanhavam já durante a infância.
Passando pela rua, encontro “aquela” mulher,
Que é conhecida pelo costume de roubar,
Roubar perfumes, enquanto consola os parentes do defunto durante os velórios...
Sua voz ébria, com um tom quase que sóbrio, suplica:
- Galega, Galega! Tem um dinheirinho aí pra mim? “Tô” precisando, pode ser qualquer coisinha, mulher!
Olho para ela e respondo: - Tenho apenas este troco que recebi na padaria, tome!
Com imensa felicidade, ela responde: - Obrigada, Galega, Deus te abençoe sempre.
Aquele dinheiro serviria para uma dose de álcool?
Se a resposta fosse positiva, que se dane!
A alguns poucos passos, encontro alguém tomando sua dose diária de álcool, no balcão de um bar na esquina.
A mesma pessoa que bebe me dirige a palavra com um tom de reprovação:
- Você deu dinheiro àquela mulher?
Ela vai tomar doses de cachaça com o dinheiro que você deu para ela!
Enquanto isso, a dona do bar me olhava como se quisesse me repreender...
Que mal eu fiz?
Será que aquela mulher não tem o mesmo direito que aquele senhor tem, de tomar sua dose de álcool?
Quanto à dona do bar, deveria me agradecer, e agradecer a todos os alcoólatras do bairro (anônimos ou não).

Bárbara Cristina.

Panspermia.

Na origem da humanidade
Alguém esqueceu de explicar
Certa origem estrambótica,
Ensinou-se apenas a observar,
Viver apenas de devaneios, jogando os  dados do mundo,
Se deixando enganar por um segundo 
Nada foi ilícito, nem em vão,
Nunca se sabe, nem se pode crer
No verdadeiro sentido,
Dos acontecimentos irreais
Divergentes entre a mente e o fato,
Nunca alguém disse o que fazer,
Quando alguém quer saber de onde veio.

Bárbara Cristina.    

1ª Lei de Newton.

É bem como se você caísse do céu,
Como se não pudesse decifrar a origem...
Fique calado,
Não se mexa,
Não escute.
Apenas observe o seu próprio colapso de inércia.

Nem pense em pensar, nem pense em agir,
Não tente falar, nem ouse fugir,
Aproveite essa sua inércia, para não refletir,
Apenas observe,
O ato de não observar.

Colapso não! A falta dele,
Deve ser a inércia da inércia,
Sequer ter um colapso,
E ter um colapso pela falta dele.

Bárbara Cristina.

Estranhamente Gente.

O estranho ser
Morador da Terra,
O estranho ser,
Morador de Marte,
Invasor de mentes
Ladrão de realidades
Aparentemente real,
Supostamente mortal
E visivelmente diferente,
Do estranho ser,
Estranhamente natural,
E visivelmente imortal,
Assolador de ilusões,
Combatedor insolente,
E estranhamente...
Considerado normal.
O estranho ser
Torna-se mais estranho
Por morar na Terra.
Porque não em Marte?
Por morar na Terra.
E o mais estranhamente,
Por ser chamado de gente.

Bárbara Cristina.

      

Libélula Psicodélica.

- Fique à vontade,
Qual é a sua ideia?
Ela é sua passagem para o "Vale dos Esquecidos".
- Você não deveria me tratar desta maneira, eu sou sua mãe!
- Posso beber, fumar um baseado?
- Pouco me importa, se quiser, poderá até morrer!
- Naquele dia, eu tentei morrer...
- Está tomando para sí, o hábito dos humanos de se drogar.





O Barco.

O barco vinha chegando,
De longe via que haviam pessoas à sua espera,
Ele vinha cada vez mais perto...
Mas o barco vinha indeciso,
Pois era só um barco, sem guia.
E aquelas pessoas?
Esperavam pelo barco?
Ou o barco sem guia, na verdade esperava por pessoas?
O barco indeciso, não vai até as pessoas,
Prefere seguir seu caminho, de barco solitário,
Pois o barco não arriscaria,
Caso fosse guiado por pessoas que precisavam de ajuda,
Não seria um barco livre,
Seria um barco governado,
E o pior de tudo,
Um barco governado por simples pessoas,
Que um dia precisavam de sua ajuda!

 Bárbara Cristina.