Ele sonhava com a vida, apesar de
já ter experimentado diversas vezes, nunca se conformava com o pouco e
nunca se saciava com abundância. Passou a sugar, sugar espíritos em
fraqueza, com sua aparência vampiresca, que não podia ser vista pelos
seres em seus estados carnais, terminais; tomados pela obscenidade
humana, cega e cruel, devastados pelo medo, alimentando sua fome e
construíndo sua imagem,sugadora de fiéis.
Suas vítimas não sonhavam com a morte,não apreciavam a vida, tampouco
viam-se ameaçadas. A bondade morrera sufocada, em suas veias podres e
alcoolizadas; não se precisa de asas quando não se quer voar, nem de
compaixão a um ser moribundo. Em sua escuridão havia apenas ódio, do
passado e de algo mais, que seu egoísmo praticava lentamente e
ferozmente, mal sabia que aplicava em seu corpo, grandes doses de
auto-destruição, doses de asco, vomitadas por suas vítimas, que se
deliciavam na angústia de suas pacatas vidas regadas a entorpecentes e
esquecidas pelo poder social.
Talvez fosse pena, pena de sí mesmo, ou mesmo de suas vítimas,
submissas à não doce realidade que predominava em seus lares, cercados
de energia oculta. Mas isso se tornara banal , ninguém mais o via como
ameaça e sim como solução, uma barganha entre o útil e o agradável, a
verdade e a mentira; o bem talvez nem tivesse mais lugar, nessa
sociedade ancorada e submersa na solidão desgastada pelos anos de
ignorância.
Bárbara Cristina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário