segunda-feira, 15 de abril de 2013

Índole.

Ele sonhava com a vida, apesar de já ter experimentado diversas vezes, nunca se conformava com o pouco e nunca se saciava com abundância. Passou a sugar, sugar espíritos em fraqueza, com sua aparência vampiresca, que não podia ser vista pelos seres em seus estados carnais, terminais; tomados pela obscenidade humana, cega e cruel, devastados pelo medo, alimentando sua fome e construíndo sua imagem,sugadora de fiéis.
       Suas vítimas não sonhavam com a morte,não apreciavam a vida, tampouco viam-se ameaçadas. A bondade morrera sufocada, em suas veias podres e alcoolizadas; não se precisa de asas quando não se quer voar, nem de compaixão a um ser moribundo. Em sua escuridão havia apenas ódio, do passado e de algo mais, que seu egoísmo praticava lentamente e ferozmente, mal sabia que aplicava em seu corpo, grandes doses de auto-destruição, doses de asco, vomitadas por suas vítimas, que se deliciavam na angústia de suas pacatas vidas regadas a entorpecentes e esquecidas pelo poder social.
        Talvez fosse pena, pena de sí mesmo, ou mesmo de suas vítimas, submissas à não doce realidade que predominava em seus lares, cercados de energia oculta. Mas isso se tornara banal , ninguém mais o via como ameaça e sim como solução, uma barganha entre o útil e o agradável, a verdade e a mentira; o bem talvez nem tivesse mais lugar, nessa sociedade ancorada e submersa na solidão desgastada pelos anos de ignorância.

Bárbara Cristina. 


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